quarta-feira, outubro 29, 2008

Era só mais uma viagem de autocarro. Nada mais. Simples. Rotineira. Abanada. Brusca. Aos soluços. Ao sol. À sombra. Nada mais. No entanto, fitavas com os teus olhos pretos o vidro da janela. Não. As tuas pupilas tremelicavam, dando-me o sinal de que não te ficavas pelo vidro mas que focavas os que passava lá fora, à velocidade de 50km/hora. Foi o teu olhar que me pôs a nu e mudamente me gritou que estava errada. Que aquela não era só mais uma viagem de autocarro. Rotineira. Era mais. Não consegui perceber o quê mas algo nos teus olhos dava um significado totalmente diferente à rotina da viagem de autocarro. Quis começar a imaginar um sem fim de histórias, todas hipóteses plausíveis de te trazer esse olhar aos olhos. Começaram a surgir várias, cada uma mais rebuscada do que a anterior, mas parei-me a mim mesma. Se não me dizias mais nada, não devia invadir a tua viagem de autocarro. Era tua. Sei que tinha um significado especial, qualquer. Mas era tua. Nem olhaste para mim. “Universidade Católica” e o frio encheu-me as narinas.

1 comentário:

Rita Mello disse...

Bom-dia,

Queria deixar um convite para visitar o blogue chocolateparaalma.blogs.sapo.pt, dedicado aos romances femininos publicados pela ASA. Vamos ter vários passatempos para si.