terça-feira, janeiro 09, 2007

Ao estilo de...

Fico à margem a olhar, sem ver, o rio
Que corre destinado a desaguar.
Na sombra verde de ramos
(abrigo ou esconderijo?),
na vida verde da erva
(assento ou sepultura?),
Deram-me os deuses este lugar marginal
donde vejo um rio de gotas tão diferentes
que correm juntas, partilhando a corrente.
E eu, aqui, parada, na sombra enxuta,
morrendo sem sentir
a vida no meus pés.

Para que conste, eu sou mais do género de mergulhar. Bem fundo. E explorar as pedrinhas e os peixinhos que se escondem lá de baixo. Gosto de sentir a corrente da vida. Aceitá-la, rejeitá-la, contrariá-la. Gosto de vir ao de cima, de vez em quando... respirar... sentir-me mais leve e a boiar... p'ra de novo mergulhar sem medos... 'pera lá! isto dava um texto bem giro! esqueçam lá esta parte para eu depois nao me repetir no texto que escrever sobre isto! ; )

Ah! Já agr... é ao estilo de quem? De que poeta bem conhecido? Quem adivinha? Fica o desafio! :)

1 comentário:

Príncipe Myshkin disse...

Hum...
A minha aposta: Ricardo Reis.
Só por acaso, é o meu heterónimo favorito do gigante Pessoa. Se hesito e não dou a certeza é só por caso de alguns pormenores, nomeadamente o uso de pontos de interrogação e parêntesis, algo que o Reis nunca utilizou, ou a falta de métrica. O poema está bem conseguido e é interessante verificar como tu e a Rita, mantendo um blogue conjuntamente, têm, no entanto, estilos de escrita bem distintos um do outro (sim, eu sei que o poema não é ao teu estilo, é uma imitação, mas e o delicioso texto que se lhe segue?).
Bom, bom, é esse texto e que ainda não vi desenvolvido em post autónomo, como parece estar prometido! A volta que dás a um rio! (E que inveja de saberes boiar e eu não!)