"Deste tu a imagem de um rebanho para retratares a sociedade do meu Mundo. Pois eu acho que mais do que ovelhas somos códigos de barras. Elas ainda se distinguem pelos dentes, pela quantidade e qualidade da lã, pelo tom em que balem, pela maneira de pastar... eu comparo-nos a códigos de barras. Cada um tem o seu código e o produto que rotula é diferente mas somos todos umas riscas pretas mais grossas ou mais finas sobre um fundo branco. Somos verificados pelo filtro vermelho que nos diz se somos aceites ou não; os que são, são colocados dentro do mesmo saco de plástico e viajam sem saber para onde, o que os espera. Alguns ainda têm a coragem de saltar do saco, correndo o risco de ficarem na estrada... mas a maioria deixa-se ir e acaba esquecida num canto ou no lixo. Eu não quero ser um código de barras. A verdade é que não suporto aqueles que se enchem de perfumer e saltos e penteados e sorrisos automáticos e isto e aquilo e fazem de tudo para passar no filtro vermelho e ouvir o Bip que lhes diz que foram aceites, que podem entrar no saco, e que depois se deixam lá ficar para sempre. Impõem limites aos instintos... acabando mais tarde por rebentar ao terem que suster a espontaneidade e o lado de criança que nunca desaparece de dentro de nós tantos anos seguidos, à custa de não serem apontados e rejeitados."
Foi há anos... mas/e ainda faz algum sentido.
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