Um dia, Quando eu morrer, Alguém dirá que morri. E verá nascer o sol Como sempre até aí. Flores Cairão sobre a campa; Meus amigos, dores a rodos! Estarei nesse caixão Na memória de todos! Morte, Que pretendes afinal? Se o luto assim causado Cai invariavelmente Em transitório passado! O Tempo Estancará qualquer perda E das lágrimas o sal Terá caído. O Amor Voltará ao animal... Jamais Se erguerá voz poética Sobre a trivialidade Dos dias. A voz comum É a que chora a saudade… Um dia, Quando eu morrer, Cessará a solidão E tudo o que existi Deixará de ser em vão. E sempre, Numa praia qualquer, Beijará o mar a areia Para assim eternamente Ser o mundo plateia.
quarta-feira, novembro 29, 2006
E depois da minha morte
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3 comentários:
Porque há posts sobre os quais não se pode passar em branco, porque há espantos que não cabem na garganta e constelações que não se contemplam nos olhos, porque a poesia é imperativa, porque há faúlhas de elevarmo-nos quando andamos a rastejar um dia inteiro, porque há ainda beleza e há ainda sentido; por tudo: paro. Leio. E louvo.
(P.S.: E pensar que tudo não são mais que "words, words, words"...)
É por palavras como as tuas que vale a pena insistir, mesmo quando parece que tudo o que escrevemos não merece mais do que ser amarfanhado e deitado ao lixo. Não é uma questão de massajar o ego: é sentir que o que dizemos toca o outro e é a alegria de partilhar palavras – ainda que sejam só palavras (e nelas cabe tanta coisa!...) ;)
De resto, "the rest is silence".
Obrigada pela partilha. :)
parabéns pelo Hamlet querida rita!
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