terça-feira, julho 25, 2006

Saudade do futuro

Quem não encontra conforto no presente procura alento no futuro. Muita gente gosta de se queixar da vida que leva esquecendo-se que muitas vezes está nas suas mãos o poder de mudar o seu próprio rumo. O consolo no futuro é apenas uma forma diferente de evitar o presente. Essa saudade de um futuro que ainda está para vir é um sentimento típico daquele que está infeliz consigo e com o mundo. Por mais que simpatize com essa forma de saudade, chegando mesmo a julgar senti-la, não posso dizer que me orgulhe de por vezes acalentar essa nostalgia. Descubro cada vez mais que a erótica da vida não está no que se pensa dela, no que se escreve, no que se pinta, canta, toca, dança, representa dela, mas sim no que nela se vive. Tudo o mais é apenas uma imitação da arte que é a vida - e esta é a mais sublime.

terça-feira, julho 11, 2006

Explosão... ou implosão.

Por mais que mo digam, isso não me basta! Não! Não acredito porque não o sinto e comprovo apenas o contrário! Sinto que um dos desafios mais fortes da vida, do caminho, da estrada, da ponte, do fio, do castelo, ou do raio de todas as metáforas de que se servem para simplesmente a nomear, são as relações. E há algo bem importante, cosido ao verbo ou nome das relações, derretido e misturado no seu mais profundo significado, que, para além do tempo, lhe dá corpo, vida, alma, espírito, a faz querer mais, mergulhar, ter fome, gritar de apaixonamento... - a presença. É preciso estar PRESENTE numa relação. Não basta alguém saber que "estarei sempre lá" " amo-te muito" "adoro-te" "és as minha maior amiga". Que raio de futilidades e fugacidades de palavras são estas? É preciso estar presente na vida do outro! É preciso MOSTRAR que gostamos de alguém! Quem se esconde por detrás de um "Ele sabe que eu gosto dele" é cobarde e não tem outro nome! É, de facto, mais fácil ficarmos na sombra e no conforto de um "Ela sabe" e não nos lançarmos num "Tenho de lhe mostrar". Não, não digo provar! Digo demonstrar carinho! Esse é o deasafio! Essa é, agora sim, a nossa prova! Ir ter com o outro, dizer um olá meio sumido, às vezes sem paciência, mas que é um olá! Ficar numa mesa de café remexendo o açucar que deitámos na chávena para cobrir um resto resistente de borras de café mesmo sendo o barulho do toque da colher na chávena o único que se ouve entre os dois. A relação precisa de investimento. O tempo, numa relação, é crucial... mas tem de ser preenchido com a presença! Por isto não me venham com "somos muito amigas" vazios e, assim se comprova, falsos. Não dêem mais palavras e forma, dêem gestos e matéria. Não respondam apenas! Perguntem! Queiram saber! Tomem iniciativa! Dêem-se aos outros! Não esperem receber um sinal do outro para saber que têm de dar! Lembrem! Estejam!Marquem presença!

Hoje explodi de novo. Só Deus sabe como estou egoisticamente farta de "mendigar" amigos.

quinta-feira, julho 06, 2006

Quando

Quando o cansaço das coisas pesa como se carregasses o mundo,
Quando os músculos da cara endurecem de tensão,
Quando o lábio treme e as lágrimas se desenrolam em cascata,
Quando a tua voz se cala de solidão,
Quando o teu corpo dói e a tua alma chocalha lá dentro,
Quando as nuvens cinzentas não deixam a janela da tua vida,
Quando perdeste o teu sentido e o teu centro,
Quando procuras o que não sabes incessantemente e sem fé...

Lembra-te que a bússola que te habita
Acabará por desvelar o teu Norte
E que o mapa que os outros são de ti
É o melhor companheiro de viagem.

segunda-feira, julho 03, 2006

Pensamento do dia

Mais uma vez o homem da grande mente, o homem do advérbio de modo. Só ele para me fazer rir agora (quando a cadeira dele só nos faz chorar - e muito!!! Ó desespero, é devastação!).
Elegi este pensamento como "O" pensamento do dia:

A pessoa real é constituída pela dialéctica de um eu singular e de um eu social - respectivamente o "miolo" e a "côdea" da "boroa" que nós somos.

Será que posso usar palavras como "manteiga" e "geleia" no exame?

sábado, julho 01, 2006

Que pena o político ter virado peixe II...

Quis deixar o meu contributo no blog para festejar o ano de vida... mas não me sai absolutamente nada de jeito. Assim, num gesto simbólico, publico o primeiro texto que aqui se postou. Escrevi este poema há um ano... ou será que foi há dois?! Não sei. Mas como acaba por ser intemporal, cá vai. Desculpem as pessoas que já estão fartas dele! :) (até eu já estou farta dele... e deles! :) )

Pensei que o político era homem vincado
mas tirando a mascára ele é escamado!
E embora a escama esteja bem lustrada
a sua espinha está toda minada!

Abre e fecha a boca como que a discursar
mas nada produz... só bolhas de ar.
Promete e não cumpre, senhor político?
A sua memória está em estado crítico!

Atrás do perfume está o fedor
do podre, do pútrido, verdadeiro horror!
São demasiados, infestam o mar;
com medo do fundo, põem-se a boiar!

Seja cherne, dourada, sardinha ou pescada,
o político esquece, escapa, não faz nada!
É o rico peixinho que marca Portugal
e é também ele que o faz cheirar mal!