quarta-feira, abril 26, 2006

Tempo

Vinte e quatro horas…

Quarenta e oito horas…
Setenta e duas horas…
O tempo passa e os dias são todos tão iguais…
Eu gostava de encontrar a elasticidade dos dias, desdobrá-los aos bocadinhos, em pequenos segmentos, talvez, ou então em longos metros de momentos, e tudo tão intenso, tão intenso que até as pausas e o descanso seriam intensamente sentidos…
Eu gostava de estar em todas as coisas com a mesma força e vontade com que se está naquilo que se ama… e gostava de não faltar a nada, de não perder nada, de poder estar em vários sítios e com várias pessoas ao mesmo tempo… e gostava de não perder ninguém, gostava que não houvesse mal-entendidos, nem desilusões, nem sentimentos confusos, nem ressentimentos, nem falta de comunicação, nem desentendimentos, nem afastamentos, nem dor, nem tristeza, nem mágoa, nem desilusão… e gostava de estar em harmonia com tudo.
Ou talvez gostasse simplesmente de ter tempo para desperdiçar. Realmente só temos consciência da importância das coisas quando de repente ficamos sem elas. Tenho sede de tempo, uma sede insaciável de um tempo a mais - e só para mim. (Desta vez, só para mim)

2 comentários:

Príncipe Myshkin disse...

Bonito desabafo. O tempo é, de facto, uma força angustiante. Ainda no outro dia falava com o meu avô sobre a expressão "fazer tempo", e como, de facto, seria magnífico no seu sentido literal (se ele ao menos fosse possível!). Iríamos ter com um "fazedor de tempo" e, upa!, compráva-mos por cinco tostões mais um quarto de hora (não sejamos demasiado gulosos).
E sim, é forte o paradoxo entre o querer tempo para se fazer simultanemante aquilo que tão ardentemente se deseja, mas, ao mesmo tempo, querer tempo para desperdiçar.
Texto simpático de ler!

Anónimo disse...

Como te compreendo Rita. O tempo é algo que foge com uma rapidez assustadora e que nunca conseguimos agarrar.O mais que podemos fazer é recuperar algum tempo perdido, principalmente pelas coisas que amamos, principalmente por nós.
Continua a "perder" um pouco do teu tempo a escrever o que te vai no coração, que eu "perderei" um pouco do meu a ler estas pequenas maravilhas.

Olga