domingo, janeiro 29, 2006

mãos...amigas.

Amiga, . A tua mão e a minha mão Entralaçaram os dedos e juntas suaram, colaram, se apertaram, dançaram, tocaram,... rezaram. Envolvia-as o nó bem apertado do Amor. Adormeci um dia sentindo o encaixe dos teus dedos nos meus e acordei de mão vazia, esquecida no silêncio embaraçado e pesado... ... de palavras que ficaram por dizer. Não encontro agora essa mão macia e a minha, mais redonda, desabituou-se de estar sozinha. (como poderei tocar a melodia da vida sem esses dedos a experimentarem as teclas?) Não sei como te encaixar de novo... Só sei que estive adormecida tempo demais. . (é para ti. Tu sabes.)

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Amor, Amor

Amor, espero por ti numa noite escura,
Aguardo atenciosamente a tua chegada,
Abrupta, intensa, genial e arrebatadora.
Anseio pelo teu colo, pelo teu abraço,
Pelo teu toque, pelo teu corpo.
Desejo os teus olhos, os teus lábios e a tua mão sobre a minha.
Amo terrivelmente esta vontade de te amar
E sofro miseravelmente por saber que é impossível
Um amor entre nós.
Amo exacerbadamente a vida que poderíamos levar juntos,
Amo as conversas que poderíamos ter pela noite dentro,
Amo as risadas que poderíamos dar com as brincadeiras recíprocas,
Amo os abraços e beijos e toques em face das fragilidades mútuas,
Amo o calor que poderíamos sentir dentro do peito
De saber cá dentro um amor pleno e sem jeito.

Amor, espero por ti numa noite fria,
Aguardo loucamente a tua chegada,
Grande, imensa, brutal e maravilhosa.
Anseio pela tua metade que com a minha metade
Seria a goiaba mais doce do mundo
E desejo secretamente que me ames pela calada
Até que a virilidade da tua alma doce
Se entrelace a fundo com a minha vontade.
Quando o momento chegar, meu Amor, seremos
Um só, indivisível e livre, como só se pode ser
No Amor pleno e imenso que contigo sonho viver.

domingo, janeiro 22, 2006

Aurora

Truffaut classificou-o "o mais belo filme do mundo". Eu não acreditei. Quer dizer, um filme de 1927 o mais belo do mundo? Pois claro, e eu sou a pessoa mais inteligente do planeta! Gozei, é claro. Pelo menos para dentro, porque não ousei fazê-lo em voz alta com os amigos apreciadores de filmes marginais (à margem, que fogem da corrente comercial que nos invade por todos os lados). Mas eles também não o fizeram, talvez pela mesma razão. E assim entrámos na sala de cinema. Por que de repente decidiram voltar a passar um filme mudo e a preto e branco, apesar de contemporâneo do "Jazz Singer", que aparentemente não nos tem nada a dizer, não faço ideia. Só posso dizer: ainda bem que o fizeram! Este filme fala mais de mim, de nós do que muitos dos filmes que sairam este anos e que sairão nos próximos e próximos... O subtítulo de "Aurora" (Sunrise) é "A song of two humans" e é simplesmente genial. Até porque no filme a força da música é incrível e importantíssima na criação de ambientes. Esta é, afinal, uma história de amor lindíssima e de como quando descuramos as relações que mais importam para o nosso coração podemos viver situações terríveis. Eis como, no original, a história é descrita, em letras brancas sob fundo preto numa estranha revivência de uma Charlot sério: This song of the Man and his Wife is of no place and every place; you might hear it anywhere at any time. For wherever the sun rises and sets in the city's turmoil or under the open sky on the farm, life is much the same; sometimes bitter, sometimes sweet.

sábado, janeiro 21, 2006

Poema a duas... :)

Este poema foi escrito pelas duas excelentes colaboradoras deste blog (modéstia à parte, claramente ;) entre golinhos quentes da "água preta" que servem no tagv. Sim, porque café é a última coisa que podemos chamar àquela mixórdia. Cada verso, cada escritora, intercaladamente. Dou um prémio a quem adivinhar de quem são quais versos... :)! A Rita acha que "ta ridiculo", eu nem por isso porque escrever a duas é bem difícil, acreditem! BEIJOS PARA TODOS QU'EU HOJE TOU FELIZ! .
Fitou-a, calada, transpirando ódio
Numa espécie de neurose absurda e inexplicável
Deixou que o silêncio gritasse estridente
E assim chorou eternamente
As palavras que acabara de escutar.
.
De repente, levantou-se num ápice
E virou costas, anunciando a despedida,
Como se a ausência de hoje
Se prolongasse... para sempre... p'ra toda a vida.
.
Po isto fugiu dali, fugindo, fingindo,
correndo, suando,chorando,cansando.
sofrendo, amando, calando - parando.
Sorriu. Largou tudo naquela corrida louca
e deixou-se ficar na lassidão perfeita do cansaço lúcido.
Rita e NoNo VENHAM DAÍ OS COMMENTS! :D

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Aqui

Aqui, onde ninguém pode ver de perto a minha Humanidade,
Aqui, onde ninguém pode sentir de perto a minha tristeza,
Aqui, onde ninguém pode ouvir de perto o meu desespero cansado,
Aqui, onde ninguém pode sequer pensar de perto a minha mágoa de ser assim,
Aqui, onde ninguém chega sem primeiro derrubar os seus muros,
Aqui, onde ninguém toca sem antes arrombar os meus limites,
Aqui, onde o longe é tão longe quanto o mais longe de todos os longes,
Aqui, onde afirmo temerariamente a minha personalidade,
Aqui, onde se aceita sem receios a inquietude do olhar mais fundo,
Aqui, onde se vive desconhecendo o que é o Futuro
Onde se desconhece o que é o Homem, o que é Existir, o que é fazer parte desta magnífica imensidão,
Aqui podes vir descansar no meu seio,
Aqui podes vir Amar sem ser em vão.

sábado, janeiro 07, 2006

Nova Mensagem - escolhas

Escolhas
.
Fitas com embaraço
o céu que nunca alcançaste
E que limita com o horizonte
A meta do que tu sonhaste.
.
Tu é que escolheste
um caminho de areias
por onde desapareceste
enredando-te em teias
tecidas p'lo dourado que tanto te seduz...
Esqueceste que nem tudo o que brilha traz Luz... ?
.
Na campa que tu cavaste
marca a pedra o dizer:
"Aqui jaz a Humanidade
que não soube o que escolher".
Leonor Ressoa

terça-feira, janeiro 03, 2006

Nova Mensagem... Sêrá?

Há tempos, ainda no 12º ano, veio-me à ideia, a propósito de uma ideia lançada pela nossa fantástica professora de português, tentar escrever uma nova Mensagem, inspirada no Grande poeta! Claro que saiu meio torta, cheia de imperfeições... mas voltei a pegar nela. É uma Nova Mensagem para a Humanidade, seguindo vagamente a estrutura da original, cujo subtítulo é Quovadis? (Para onde vais - para os mais desentendidos :) . Não sei se este ficará, mas resolvi "postá-lo". Só pa partilhar... vou ver se partilho mais poesia.
Aviso
.
A Terra ruge de dor, em ebulição
de lava e mar... o céu grita em trovão.
As vagas raspam terras habitadas
Por almas tão jovens... já encarquilhadas.
.
A Terra sente o chicote do humano
Rosna com a dor, geme enraivecida
coma falta de valor que dão à vida
que envelhece, com o tempo, cada ano.
.
E ela grita e em vulcões esperneia
O céu põe-se em fúria a chorar
O sol tenta aquecê-la (até queimar...!)
O mar destrói as rochas em areia.
.
E ela, tão velha, tão só no estrelado,
(só protegida por um pai anelado)
Chora lágrimas de luz e cansaço
Esperando que o Homem dê um novo passo.
Leonor Ressoa

E se três palavras escrevessem uma vida?...

Encontrei uma velhinha de 92 anos que me perguntou que autocarro eu esperava. “O vinte e quatro”, disse eu, ligeiramente irritada pelos vinte minutos que já tinham passado sem que o autocarro viesse. “Também eu!” Não consegui deixar de simpatizar com este entusiasmo quase infantil. “É estudante?” “Sou”, respondi com um sorriso de orelha a orelha que nasceu nem sei bem por que motivo. “Boa sorte para os estudos”, retribuindo o sorriso espontâneo. “Obrigada”. Não podia ser mais apropriado, agora que estamos a um mês das amigas frequências. “É de cá de Coimbra?” “Sim” “Eu sou de Trás-os-Montes. Conhece?”. A voz soltou-se-me da alma sem eu perceber como, abrindo-se em mim imagens fortíssimas de paisagens transmontanas, muito verdes, muitas cabras, e velhinhas de preto agarradas aos teares, sorrindo e arreganhando sabiamente os quatro dentes das bocas vividas. “Conheço sim. Gosto muito de Trás-os-Montes, é uma região lindíssima.” Um sorriso indescritível iluminou o rosto da senhora. “E há quanto tempo está aqui em Coimbra?”
“Há trinta e três anos… ….há trinta e três anos. Sou viúva. … … Vim de Angola. “ Não consigo explicar o efeito que estas palavras tiveram em mim, nem a sucessão desordenada de imagens que passou pela minha cabeça à velocidade da luz. Soldados, muitos, e cravos nos canos das espingardas e fumo e tiros e lágrimas sofridas em silêncio pelos véus negros que ficaram para cá do Império e sorrisos salgados dos véus brancos que deixaram a África sua em navios de fumo negro, com etiquetas garrafais tatuadas na alma fria: Retornado.
Novos olhos encaram a velhinha que tanto me ensina. O sorriso abandonou os seus lábios, mas não a voz jovial que me pergunta com vigor se sei que idade tem ela. Nem me dá tempo para responder: noventa e dois! E com que orgulho! Eu sorrio e digo com sinceridade que nunca lhos daria.
Chega o vinte e quatro, já sem tensões absurdas. Quando me levanto cruzo de frente o olhar com a minha amiga que me diz espantada “Ah, só agora reparo como é bonita!” E eu enrubesço e agradeço e olho-a para lá das rugas e do cabelinho branco e imagino em retrato antigo esta mulher na flor da idade, esbelta, linda, fogosa, olhando complacentemente o fotógrafo que a imortalizou no meu retrato imaginário.
Adeus, amiga. Será que três palavras escrevem uma vida?

domingo, janeiro 01, 2006

Bom ano!

Bom ano!... Engraçado como o ser humano é mesmo um ser de metas. De chegadas e de partidas. Como um fim de ano serve para quase catalogarmos o que passou, deitar fora o mau, guardar na memória o bom ou o menos mau, marcar o ano como o ano em que aconteceu aquela coisa especial (muito esperada ou nem por isso). Como um início de ano serve para renovarmos ou acentuarmos os nossos objectivos, entrarmos com mais força e mais a fundo em tudo aquilo em que estamos envolvidos, olhar com coragem e afinco os objectivos que nos propomos cumprir enquanto mastigamos, lentamente, o bago de uva enrugado (claro que guardamos um pr'á taça, numéberdade?). Engraçado como temos uma enorme necessidade de estar sempre a renovar para reganharmos força para tudo. Precisamos das tais metas para nos sentirmos cumpridos nalguma coisa, para sentirmos que "- AH! consegui!". E precisamos das tais partidas, de ouvir o estalido da pistola, para ligarmos com mais potência os motores e nos pormos a trabalhar. Para mim o fim de um ano é sempre uma paRsagem. Uma paRagem e um paSsagem. Seguir em frente cada vez com mais força e vontade! Parar e Reparar... e depois Passar! Com os motores a trabalhar com toda a força!
SEJAS BEM-VINDO 2006!!