domingo, janeiro 22, 2006

Aurora

Truffaut classificou-o "o mais belo filme do mundo". Eu não acreditei. Quer dizer, um filme de 1927 o mais belo do mundo? Pois claro, e eu sou a pessoa mais inteligente do planeta! Gozei, é claro. Pelo menos para dentro, porque não ousei fazê-lo em voz alta com os amigos apreciadores de filmes marginais (à margem, que fogem da corrente comercial que nos invade por todos os lados). Mas eles também não o fizeram, talvez pela mesma razão. E assim entrámos na sala de cinema. Por que de repente decidiram voltar a passar um filme mudo e a preto e branco, apesar de contemporâneo do "Jazz Singer", que aparentemente não nos tem nada a dizer, não faço ideia. Só posso dizer: ainda bem que o fizeram! Este filme fala mais de mim, de nós do que muitos dos filmes que sairam este anos e que sairão nos próximos e próximos... O subtítulo de "Aurora" (Sunrise) é "A song of two humans" e é simplesmente genial. Até porque no filme a força da música é incrível e importantíssima na criação de ambientes. Esta é, afinal, uma história de amor lindíssima e de como quando descuramos as relações que mais importam para o nosso coração podemos viver situações terríveis. Eis como, no original, a história é descrita, em letras brancas sob fundo preto numa estranha revivência de uma Charlot sério: This song of the Man and his Wife is of no place and every place; you might hear it anywhere at any time. For wherever the sun rises and sets in the city's turmoil or under the open sky on the farm, life is much the same; sometimes bitter, sometimes sweet.

Sem comentários: