Tristemente abri o livro na introdução E li diagonalmente algumas passagens. O Português era fraco e sóbrio e não Encontrei sombras de Juridiquês. Tentei não entrar em pânico e respirei fundo. Tinham de estar em algum lado. Novamente, abri o livro e li Rapidamente mais umas passagens. Não acreditei nos meus olhos, Não podia ser, não podia ser! Insisti teimosamente mais uma vez E estupefactamente soube a verdade… Nem um! Nem um advérbio de modo!!! Oh, desespero! Oh, devastação! Fugiram desesperadamente Desse insuportavelmente complexo Universo jurídico! Saltaram inconscientemente Dessas longas e horríveis páginas E deixaram-me sozinha no meio De tantas palavras sem sal!!! Que vai ser de mim sem advérbios, Sem frases intrincadas e indecifráveis, Sem ideias rocambolescas e labirínticas? Para onde foi ele? Hã? Para onde foi? Senhores juristas, respondam ao meu apelo!!! Para onde fugiu o advérbio de modo??? Ansiosamente, Procuro nas páginas teóricas De uma teoria impossível Esse salvador da pátria E da minha sanidade mental. Não encontro e desesperadamente entro em pânico. Palavras secas e ideias sem sumo, notas soltas Ao longo de trezentas páginas insípidas. Oh, triste sina a nossa! Saudosamente relembro esse companheiro de Horas desesperadas E secretamente desejo reencontrá-lo Num amontoado de palavras todas iguais. Desisto finalmente de encontrar Com agrado esse artificio poético. E, em vez dele, desespero com Paginas e páginas de artigos, E algumas palavras pelo meio. Paradoxalmente não acho graça A glosar as remissões para o Código Civil E recordo saudosamente O livro que nos fazia rir a bom rir Com frases estupidamente confusas E complexamente intrincadas! Oh, quem dera agora encontrar Um bordão ridículo e suculento No meio de tanta juridiquice E satirizá-lo e escarnecê-lo E desse modo me vingar Da insuportável obrigação De estudar as fontes, os princípios As codificações e quantas alegações Nos obrigam a ler e debitar!!!
domingo, janeiro 07, 2007
A fuga do advérbio de modo
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3 comentários:
Ahahahahahah!! Legal!! (pois é... :^D)
Um beijao!
Ale
Juridiquês.
[leitura da palavra acompanhada de gargalhada]
Divertidíssimo. Isto dá gozo de ler!
Marchese Portarotolo, realmente é legal. Demasiado legal, até!!! :) beijos aí para a Itália!
Silent_dark, gostei muito da tua gargalhada! Só que aqui tenho de confessar uma coisa... A palavra que tanto te fez rir foi inventada pelo meu amigo Rodrigo, um jurista brasileiro. Não posso ficar com o mérito... sniff sniff. Mas 'pera! Eu pensei primeiro!!! Só que antes de eu dizer disse ele... bah, acho que não convenço ninguém. Foi ele, pá!
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