Sempre me entristeceu a incapacidade da maioria das pessoas de se colocar na pele de outras. Há um provérbio nativo-americano que expressa bem a importância de imaginar que se é o outro: nunca conseguirás compreender uma pessoa a não ser que dês uns passos nos seus mocassins.
Gosto deste provérbio, gosto desta maneira de pensar. Sinto que é uma forma nobre de tentar conhecer o que habita a pessoa que queremos conhecer, se não a única maneira. Só tentando recriar o seu espaço interior com aquilo que vamos descobrindo acerca dela e através da nossa intuição, conseguimos pressupor o que a faz ser como é e ter as características que tem. Em suma, só calçando os seus sapatos e imaginando o seu interior conseguimos compreender os seus comportamentos, perceber as suas motivações, vê-la como um (quase) todo – ainda que não partilhemos nenhuma das suas ideias, ainda que não tenhamos nada em comum.
Talvez por isto, cansam-me as pessoas que não conseguem pôr-se no lugar de outras. E cansam-me as pessoas que, de tão cheias de si e dos seus umbigos, são incapazes de sequer se aperceber que em frente delas está alguém, com os seus mocassins, com as suas histórias, com as suas conquistas, com as suas frustrações, com as suas pedras e com todas as coisas que compõem uma pessoa. Irritam-me as pessoas que não vêem mais ninguém para além delas próprias, que olham para as outras como se olhassem para um espelho, que se enchem de orgulho de si e vivem atoladas no seu umbigo.
E tenho um medo de morte de um dia olhar para mim e descobrir que sou assim.
4 comentários:
Tb eu... cm me tiraste as palavras da alma.
Ainda bem que não sou a única a ter estes pensamentos! :)
Eu também tenho este cansaço de bater contra das intransigensias dalguma pessoa. Mas mesmo esperando que com o percurso de vida feito até este ponto possa dizer-me um bocado savio, nao consigo nao pensar cade vez que sinto em mim este cansaço que, talvez, mesmo estou tendo uma visao pouco compreendedora da forma de pensar do outro.
Cada um tem a sua verdade, este nao tem que ser esquecido. Dito isso, cada um tem responsabilidade de controlar que esta sua propria verdade nao torne emfeliz as pessoas que, de longe o de perto, estao à ronda dele.
Mas pronto, mesmo mantendo a consciencia que nao existe apenas uma Verdade, e que a propria é somente uma da multidao das possiveis, as vezes està bom descansar-se um bocado sentindo-se nojeados com alguma outra verdade =D
Enfim, a diplomacia é um processo que funciona nos dos sentidos; também o melhor mestre de zen afinal pode responder so com um surriso ao aluno que ainda nao tem percebido a liçao...
Ok, assignar o que escrevo seria uma boa ideia...
tchau Rita!
Ale
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