Por mais que mo digam, isso não me basta! Não! Não acredito porque não o sinto e comprovo apenas o contrário! Sinto que um dos desafios mais fortes da vida, do caminho, da estrada, da ponte, do fio, do castelo, ou do raio de todas as metáforas de que se servem para simplesmente a nomear, são as relações. E há algo bem importante, cosido ao verbo ou nome das relações, derretido e misturado no seu mais profundo significado, que, para além do tempo, lhe dá corpo, vida, alma, espírito, a faz querer mais, mergulhar, ter fome, gritar de apaixonamento... - a presença. É preciso estar PRESENTE numa relação. Não basta alguém saber que "estarei sempre lá" " amo-te muito" "adoro-te" "és as minha maior amiga". Que raio de futilidades e fugacidades de palavras são estas? É preciso estar presente na vida do outro! É preciso MOSTRAR que gostamos de alguém! Quem se esconde por detrás de um "Ele sabe que eu gosto dele" é cobarde e não tem outro nome! É, de facto, mais fácil ficarmos na sombra e no conforto de um "Ela sabe" e não nos lançarmos num "Tenho de lhe mostrar". Não, não digo provar! Digo demonstrar carinho! Esse é o deasafio! Essa é, agora sim, a nossa prova! Ir ter com o outro, dizer um olá meio sumido, às vezes sem paciência, mas que é um olá! Ficar numa mesa de café remexendo o açucar que deitámos na chávena para cobrir um resto resistente de borras de café mesmo sendo o barulho do toque da colher na chávena o único que se ouve entre os dois. A relação precisa de investimento. O tempo, numa relação, é crucial... mas tem de ser preenchido com a presença! Por isto não me venham com "somos muito amigas" vazios e, assim se comprova, falsos. Não dêem mais palavras e forma, dêem gestos e matéria. Não respondam apenas! Perguntem! Queiram saber! Tomem iniciativa! Dêem-se aos outros! Não esperem receber um sinal do outro para saber que têm de dar! Lembrem! Estejam!Marquem presença!
Hoje explodi de novo. Só Deus sabe como estou egoisticamente farta de "mendigar" amigos.
5 comentários:
Gostei imenso do que escreveste, é algo que me tem feito pensar, têm sido alguns pontos de oração.
Podia comentar mais, mas decerto iria entrar por coisas desnecessarias.
beijo, tiago m.
percebo esse teu texto e percebo-o de duas maneiras: uma porque acho que todos sentimos isso às vezes (muitas?), faz parte da dinâmica das relações; outra porque te conheço e sei o que isto significa para ti.
Concordo perfeitamente quando dizes que é preciso "mostrar" que gostamos das pessoas. Acho mesmo que as demontrações genuínas de afecto são das coisas mais lindas da vida. Desde que sejam verdadeiras e sentidas. Espontâneas. Um "estou aqui" pode ser fortíssimo, desde que seja um "estou aqui" disponível.
Ou seja, compreendo o teu desabafo. Mas acho que só te queria dizer (e isto vindo de mim é irónico como tudo!) que não sejas tão exigente contigo, com os outros. Ninguém aguenta esse grau de finura exigente num relacionamento real. Há fases de aproximação e fases de distanciamento, como há fases de céu azul e fases de nuvens cinzentas - é perfeitamente natural. :-)
PS: "eu estou aqui" (como naquela publicidade a um banco qualquer)
Claro que sim! Todos os seres com relações, ou seja, todos os seres humanos, sabem isso. Que é prefeitamente natural haver fases de maior proximidade e outras de maior distância. O que não é natural é quando se sente que essa distância deteriora ou é sinal de deterioração. É sinal de que o silêncio oco, aquele que traduz a total ausência de proximidade entre pessoas e não o que aparece porque as palavras não são necessárias, só não se instala mais vezes porque o contacto físico o impede. Uma vez eliminado esse encontro físico (quase obrigado ou forçado pela rotina) o silêncio instala-se completamente e transmite uma sensação de total insegurança numa relação.
As relações não tiram férias. E o que dói é sentir que muitos dos laços gostam de praia...
beijinhos*
p.s. Como já disse a alguém que me falou "assustado" deste post :), isto não se apica a todos. Ou, pelo menos, não totalmente. :)
Gostei imenso do post, pela razão que, de facto, é impossível não te compreender, já que todos o sentimos numa ou noutra vez. O distanciamento entre duas pessoas, quando não é mútuo (isto é, um caminho que os dois percorrem, simultaneamente, de uma forma quase natural), é muito duro para aquele que quer continuar a investir na relação e já não recebe nada senão esses hipócritas «tu sabes que eu sou teu amigo». O que é preciso é distinguir ausência de distância: talvez seja um pouco palerma evocar aqui o Senhor dos Anéis, mas, inevitavelmente, quando pensava no que estou a escrever, surgiu-me a imagem do Gandalf: constantemente ausente, mas jamais distante - ele surgia sempre que era necessário, no tempo de maior crise. Há essa categoria de amigos - e penso que não é para esses que o teu (o nosso - o de toda a gente) desabafo se dirige, desses que ficam na sombra e emergem, justamente, rectamente, quando mais necessitamos e os outros nos abandonaram. Nem tão pouco penso que falas para aqueles que, pela rotina, quotidianamente convivem connosco e nos dão as tais provas de afecto, pequenas ou maiores, que pedes encarceridamente. Não. Julgo que aqueles que visas aqui são aquelas personagens intermédias, que nem estão, nem deixam estar. E, como em tudo na vida, não raro, resvala esta posição média para uma medíocre. Ou nos damos ao outro, ou não nos damos. Sim sim, não não - sejam estas as palavras.
Minha querida, finalmente venho ao teu blog dizer-te que "estive aqui"!:)E claro que o texto que me prendeu mais foi exactamente este! Porque sera? Pois, porque este ano, talvez como nunca tinha aconteido, apercebi-me do quao importante é a presença verdadeira, espontanea, porque nao basta sentirmo-nos felizes por uma relação que temos, há que passar a prática e cuidar dela, investir, fazêla crescer! Pois eu acredito, e sei que tu também, que as relações, principalmente as mais importantes, são um dom que nos e dado! Agradeço-te por me teres ensinado isso...
Quanto, à distancia de que algém falava, nós somos provas vivas de que, por vezes, certos momentos de crise e de algum afastamento podem ser preciosos,para rflectir e reponderar certas prioridades...e depois, "por mãos à obra", e investir numa reaproximação mais rica!
Que bom que é sabermos e sentirmos todos os dias que há quem esteja sempre connosco...
E por falar nisso, quem me dera que estivesses agora aqui...
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