Cada vez mais a Queima queima Coimbra. Deteriora a imagem de tanto prestígio que, justa ou injustamente, perfuma a nossa Universidade. Deteriora a estudantada que cada vez mais vive para a Queima, se perde na Queima. Deteriora os organismos. Deixa Queimaduras a muita gente... que levou com um caco de vidro na perna e ficou com a cicratiz, que entrou em coma porque tinha de "ser da malta", que não se lembra como mas está grávida.
A Queima deixa-me a pensar. Pensar que cada vez menos se reconhece o limite nas coisas, que toda a gente ignora que a palavra liberdade é sinónimo de responsabilidade, que cada vez somos menos originais nos nossos divertimentos, que cada vez mais a malta jovem se enterra no que apetece, no que explode no momento, no que pede o "agora ou nunca" e esquece que há tanto mais para além disso. Tudo isto me entristece porque eu não sou mais velha. Não me ponho fora do quadro para o apreciar. Estou lá dentro. Entristece-me porque pouco posso fazer e não acredito em consciencializações, já que nesta idade a nossa consciência vai começando a estar formada, já começamos a saber o que queremos, ou, pelo menos, já a temos teimosamente dura para a querermos ou podermos moldar. E, assim, ir dançar para cima de um balcão de bebidas expondo o meu corpo e deixando que me toquem é consciente. Beber até cair é consciente. Atirar-me ao rio para fazer uma corrida com um amigo é consciente. Deixar-me ir no que ditam as hormonas e ficar com um filho nos braços é consciente.
Há quem diga que somos a "geração rasca". Eu cá acho que somos cada vez mais a "geração tasca".
1 comentário:
Claramente a UC de ano para ano perde qualidade nas suas fileiras!!!
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