domingo, maio 14, 2006

Um olhar...

"E assim passou mais uma Queima das fitas pela cidade de Coimbra". Tenho pena que esta seja sinónimo de outras frases como "E assim passou mais um mar de cerveja que pôs os estudantes à deriva durante 8 dias pela cidade de Coimbra"; "E assim passou mais um período de pura loucura e abandono aos vícios pela cidade de Coimbra"; "E assim passou mais um período de enchimento embriagado do Hospital Universitário pela cidade de coimbra";

Cada vez mais a Queima queima Coimbra. Deteriora a imagem de tanto prestígio que, justa ou injustamente, perfuma a nossa Universidade. Deteriora a estudantada que cada vez mais vive para a Queima, se perde na Queima. Deteriora os organismos. Deixa Queimaduras a muita gente... que levou com um caco de vidro na perna e ficou com a cicratiz, que entrou em coma porque tinha de "ser da malta", que não se lembra como mas está grávida.

A Queima deixa-me a pensar. Pensar que cada vez menos se reconhece o limite nas coisas, que toda a gente ignora que a palavra liberdade é sinónimo de responsabilidade, que cada vez somos menos originais nos nossos divertimentos, que cada vez mais a malta jovem se enterra no que apetece, no que explode no momento, no que pede o "agora ou nunca" e esquece que há tanto mais para além disso. Tudo isto me entristece porque eu não sou mais velha. Não me ponho fora do quadro para o apreciar. Estou lá dentro. Entristece-me porque pouco posso fazer e não acredito em consciencializações, já que nesta idade a nossa consciência vai começando a estar formada, já começamos a saber o que queremos, ou, pelo menos, já a temos teimosamente dura para a querermos ou podermos moldar. E, assim, ir dançar para cima de um balcão de bebidas expondo o meu corpo e deixando que me toquem é consciente. Beber até cair é consciente. Atirar-me ao rio para fazer uma corrida com um amigo é consciente. Deixar-me ir no que ditam as hormonas e ficar com um filho nos braços é consciente.

Há quem diga que somos a "geração rasca". Eu cá acho que somos cada vez mais a "geração tasca".

1 comentário:

João Branco disse...

Claramente a UC de ano para ano perde qualidade nas suas fileiras!!!