Sinopse:
Passaram 193 dias desde que Alice foi vista pela última vez. Todos os dias Mário, o seu pai, sai de casa e repete o mesmo percurso que fez no dia em que Alice desapareceu. A obsessão de a encontrar leva-o a instalar uma série de câmaras de vídeo que registam o movimento das ruas. No meio de todos aqueles rostos, daquela multidão anónima, Mário procura uma pista, uma ajuda, um sinal... A dor brutal causada pela ausência de Alice transformou Mário numa pessoa diferente mas essa procura obstinada e trágica, é talvez a única forma que ele tem para continuar a acreditar que um dia Alice vai aparecer.Alice. É, para mim, um filme estranho. E não é por ser português, não é por não ter um enredo com acção intensa e tiros e grandes reviravoltas. Não. É simplesmente um filme estranho, um filme deprimente, parado e angustiante. Não lhe achei enredo convincente (para além do óbvio - o desaparecimento de Alice e a busca obsessiva do seu pai), nem força interpretativa do actor principal, cuja personagem parecia de papel, embora todos os silêncios prolongados, todos os diálogos curtos e intensos tivessem uma força expressiva arrepiante. O ritmo lento (lentíssimo), embora cansativo, pareceu-me o ritmo adequado ao tema, bem como a repetição de espaços, personagens e ambientes sórdidos. Pelo menos exalta o valor da esperança e revela a dificuldade de a manter com a passagem do tempo... Do que gostei mesmo mais foi a música, que achei brilhante, sobretudo pela simplicidade do tema principal, recorrentemente ouvido, e que ficou a ressoar nas nossas cabeças bem para lá dos créditos finais.
Não aconselho nem desaconselho (quem sou eu para o fazer?). Apenas deixo aqui o meu testemunho, juntamente com a esperança que deposito no cinema português de que um dia, se é que não o começa a fazer já, traga a qualidade de representação e a universalidade de temas que sei existir em Portugal para as salas de cinema. E que, nessa altura, espectadores orgulhosos e apaixonados encham as salas nacionais gritando: "Viva o cinema português!"
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