Chutada para um canto do universo, ou tendo rebolado para aí livremente, a Humanidade chora, amarrotada em papel. Revê com cuidado cada passo, cada escolha, cada cova do sofa onde tantas vezes se sentou obesamente e ficou à espera do destino, do não sabe ela de quê. Caminhou mal e depressa demais, escolheu mal e depressa demais, acomodou-se bem e por tempo demais. Agora chora rasgada, chamuscada nos cantos, preenchida pelo pó, amarelacastanhada da velhice. Quanto mais evoluia, menos progredia... e quanto mais escolhia, menos caminhos de escolha encontrava..(só o remedeio). E o mal estava nela propria, na falta de amor-proprio, ou na baixa auto-estima, possivelmente. Auto-destruiu-se destruindo as barreiras que a protegiam no espaço e destruindo os laços que a tornavam uma, una. fragmentou-se em milhares, milhões, biliõs, triliões de Humanidades que lutavam pelo seu pedacinho de papel, onde escreviam as suas leis, as suas regras, os seus tratados, as suas politicas. Depois vieram as alianças e depois as guerras e depois as mortes e depois o rompimento das alianças e depois as guerras e mortes e... E agora é papel. Depois do osso, da pedra, do ferro, do aço... é papel.
Tudo porque alguém lhe disse: "Levanta-te e anda." e ela sentou-se e mandou.
quarta-feira, julho 20, 2005
terça-feira, julho 05, 2005
Parábola de Schopenhauer
Não é preciso ser-se grande filósofo para perceber o que aqui nos diz Schopenhauer. Mas é preciso ser-se poeta (ser poeta é ser Homem) para se apreciar a força de uma imagem tão sugestiva.
De acordo com a parábola de Schopenhauer, os porcos-espinhos de uma manada apertavam-se uns contra os outros, numa manhã gelada de Inverno, para se protegerem do frio e se aquecerem mutuamente; mas, ao apertarem-se deste modo, não podiam evitar a dor de se picarem uns aos outros. Oscilando entre estas duas situações penosas, acabaram por ter de encontrar a distância aceitável entre eles a fim de tornar a situação suportável. De modo semelhante, a necessidade de sociedade puxa os homens uns para os outros, mas as suas qualidades indesejáveis e os seus defeitos insuportáveis afastam-nos novamente.
domingo, julho 03, 2005
Cidadela
Num mundo em que toda gente tem sempre uma palavra a dizer sobre praticamente todas as coisas é sempre bom relembrar que dentro de nós existe algures uma voz que nos dita as nossas verdades mais puras. E que sempre que ignoramos essas verdades somos nós que ficamos incompletos. Eis o que nos diz Antoine de Saint-Éxupéry num excerto do seu livro Cidadela, que encontrei muito por acaso.
Nunca dês ouvidos àqueles que, no desejo de te servir, te aconselham a renunciar a uma das tuas aspirações. Tu bem sabes qual é a tua vocação, pois a sentes exercer pressão sobre ti. E, se a atraiçoas, é a ti que desfiguras.
sábado, julho 02, 2005
(Con)vivências
Este não é um espaço definitivo, nem é um espaço definido à partida. É antes um espaço de (con)vivências: um espaço de convivências e com vivências; ou seja, um espaço em que falamos de vivências, numa convivência virtual com quem lê o que escrevemos. Por isso, é um espaço que se vai construindo. Palavra a palavra. Vai-se fazendo, de pensamentos e ideias que decidimos partilhar aqui. Para quem tiver paciência para ler. Divirtam-se!
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