Há pedaços de vida que não têm tempo – só lugares e pessoas com quem fomos extremamente felizes. Esses recortes de felicidade ficam para sempre marcados a ferro num qualquer recanto do nosso ser. De vez em quando lembramo-nos de como foi ser assim tão feliz, estar assim tão bem, tão serena e tão completa, e sentimos saudade desse retalho de vida que não tem tempo – só lugares e pessoas. Ouvimos o que nos diz a sensibilidade e viajamos de volta a essa felicidade desencontrada e desenquadrada, sorrimos com a alma pela sorte que tivemos em viver esses lugares-pessoas felizes. E quando nos perguntam, dizemos sempre que sim, que ainda nos lembramos de como foi amar assim tão loucamente.
("As cartas de amor escrevem-se sempre à noite e deixam-se de molho, num bom caudal de lágrimas, até à manhã seguinte. Depois relêem-se e, infelizmente, rasgam-se. Esqueça-se de as reler e guarde o privilégio da dor maior para depois. Se um dia alguém lhe perguntar, faça de conta que já nem se lembra da loucura que foi amar assim. Diga sempre que sim."
Inês Pedrosa)
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